terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

9000 km de Virago 250

9000 km na minha "Lambreta"

Minha lambreta na verdade é um Virago 250 ano 2000. Velocímetro na saída marcando 33.970......
Muitas vezes o que nós mais queremos mesmo é "comer" estrada, e foi o que fiz em outubro de 2005. Peguei alguns dias de férias e saí sem rumo muito certo, apenas uma idéia de mais ou menos por onde passar. Saí de Dois Irmãos no dia 10/10 e fui até Uruguaiana onde rodei um pouco pela cidade.....no dia seguinte cruzei a fronteira para Passo de Los Libres e fiz a dita "carta verde", um seguro válido para o mercosul, e por volta de umas 10 horas já estava rodando por estradas argentinas a caminho de Foz do Iguaçú onde cheguei já escuro e fui adiante até Marechal Cândido Rondon onde cheguei por volta de 23:00 horas. Permaneci nesta região por dois dias visitando amigos e parentes. 14/10 me larguei cedo rumo a Campo Grande, passando por Guaíra onde peguei o pior trajeto de toda a viagem, verdadeiras crateras onde graças a Deus de moto fica mais fácil desviar, pobre dos caminhões com carga que não tem a mesma facilidade. Em Campo Grande visitei meu primo Alexandre Schons e aproveitamos um pouco a sexta-feira para provar uma pizza na cidade, o sábado para conhecer um pouco da capital sul matogrossense e reviver um pouco nossas memórias de nossa viagem a Bolívia e Peru em setembro/2004. 16/10 domingo me larguei estrada afora rumo a Cuibá, pegando alguns pingos de chuva e uma pista meio suja deixando com isto minha "lambreta" menos bonita. 17/10 segunda-feira pé na estrada.....rumo a Sinop, norte do Mato-Grosso, onde tenho alguns parentes e com isto tornando a viagem mais barata, pois visitando os parentes não gastamos com hotel e refeições....e ainda de gorjeta matamos as saudades. Fiquei na região rodando pelo interior de Itaúba e Terra nova, visitei um tio a 40 km por uma estrada de muita areia e buracos...mas sempre muito interessante, pois não teria graça uma aventura sem algumas dificuldades. Um pernoite a mais em Peixoto de Azevedo novamente aproveitando a cortesia de uma prima....de lá parti na manhã de 21/10 após uma noite inteira de fortes chuvas até Matupá onde começaria meu maior desafio, atravessar a BR 80. A BR 80 atravessa a reserva indígena de Xingú, ligando o norte do Mato Grosso com Goías e ou Tocantins. Após rodar 18 km de muito barro, imaginem com uma virago, avistei dois motoqueiros com motos XR 200, pensei, beleza terei companhia....mas um dos rapazes estava chegando da região do Xingú de onde disse ter saído as 3 da madrugada com chuva e lama...."Cara com esta moto baixinha voce não passa, tem muito barro e não aconselho você a ir", o outro rapaz....que poderia ser minha companhia, pelo visto, já havia se convencido da dificuldade e disse que dali não passaria, deixaria para ir somente após o referendo do dia 23/10. Disse aos sujeitos: "Pensei que voces fossem me animar, mas pelo visto terei que matar no peito". Mais alguns minutos conversando sobre as dificuldades do trajeto, eles seguiram rumo a Matupá e a poucos metros de mim ouvi eles comentarem..."o cara é louco..."....e se foram. Segui adiante, pois o pior de tudo é desisitir e isto só em último caso. Fui andando....escorregando, empurrando e caminhando por cima de barrancos e a moto na água, caminhando por cima de pontes onde só haviam algumas pranchas ou toras...passando por verdadeiros banhados e o tempo todo pedindo a Deus (que com certeza me atendeu) para que não voltasse a chover e com isto enxugando um pouco o caminho.....e assim com a estrada mais firme e depois de rodados 268 km, cheguei ás margens do rio Xingú para aguardar pela balsa (de que para minha sorte já vinha se dirigindo em meio ao rio. A travessia custou 20 reais, que você paga do lado da aldeia, após a travessia sentido oeste-leste. Conversando um pouco com os índios ali da aldeia me dirigi por mais 30 km até a pequena cidade de São José do Xingú onde almocei já por volta de 13:30 horas. (Um dia volto) Dali parti por estradas de muita terra, poeira, buracos e as danadas das "costelas de vaca" que sem pena da lambreta eu rodava pnde possivel a 80 por hora com a suspenção batendo em alguns momentos no final de curso....."Vai aguentar, vai aguentar"... e assim cheguei já por volta de 20:00 na cidade de Confresa....são e salvo. 22/10 já aliviado por ter passado por aquela região, que muitos me diziam ser de risco, rodei mais um bom trecho de chão até Vila Rica. A moto e eu estávamos vermelhos de terra, barro e poeira que cola no corpo oleoso do protetor solar.....e claro, a mesma roupa por dois dias....Mais adiante entrando no Pará, passando por diversas comitivas tocando boiadas e também contando com a companhia de um motoqueiro por uns 80 km atravessei para o Tocantins onde fui pernoitar na cidade de Colinas. Dali parti no dia seguinte, 23/10, rumo a Araguaína, onde justifiquei meu voto e filei um almoço na casa de outro primo...(familia grande....tem suas vantagens), dali parti por volta de 16 horas e fui rumo a Grajaú no Maranhão, onde mais uma vez visitei um primo desgarrado que por lá se embrenhou no plantio de melancias, milho verde e demais produtos da região. Não tendo muito tempo para curtir o Maranhão, e apenas visitar este primo desgarrado, 24/10 as 14:15 após uma bela churrascada me despenquei rumo ao sul, passando pelo centro do Tocantins, Goiás, Minas, São Paulo, Paraná....visitando outra prima que por ali vive na cidade de Londrina-PR. 28/10 de Londrina-PR a Dois Irmãos-RS (casa)...mais de 1100 km com muita chuva, a única de verdade em toda viagem que me lavou o pescoço. Velocímetro de chegada marcando 43047..totalizando 9077 km...com média de 30 km por litro. Se o Marco que me vendeu a moto em maio de 2005 soubesse o que eu faria com a "lambreta" acho que não teria me vendido ela, mas, apesar da aventura está bem cuidada e pronta para encarar outras andanças.

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